terça-feira, 16 de setembro de 2008

Unasul apóia Morales e rechaça separatismo

SANTIAGO - Os presidentes sul-americanos reunidos ontem em Santiago do Chile deram uma forte e unânime declaração de apoio ao governo do presidente Evo Morales e rechaçaram qualquer tentativa de separatismo ou golpe da oposição na Bolívia.

Para os mandatários sul-americanos não há justificativas para os atropelos aos direitos humanos, disse a presidente chilena, MichelleBachelet, ao ler uma declaração de nove pontos, em que se recordou do golpe militar de 11 de setembro de 1973 no Chile.

A cúpula dos presidentes durou mais de cinco horas no palácio presidencial de La Moneda, atendendo a um chamado urgente da mandatária chilena aos líderes da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), da qual Bachelet é a atual presidente, para discutir o conflito entre o governo socialista e a oposição de direita, que pleiteia autonomia para algumas regiões.

Os países da Unasul "advertem que seus respectivos governos rechaçam energicamente e não reconhecerão qualquer situação que implique uma tentativa de golpe civil, de ruptura da ordem institucional ou que comprometa a integridade territorial da República da Bolívia", disse Bachelet.

A declaração, ao término da reunião de emergência, condenou os ataques a instalações do governo na Bolívia e um massacre no departamento de Panda, em que morreram partidários de Morales. Bachelet disse que a Unasul chamou ao diálogo para estabelecer condições que permitam superar a crise e buscar uma situação confortável na Bolívia.

"Os presidentes da Unasul concordam em criar uma comissão aberta a todos os seus membros, coordenada com a presidência pró-tempore, para acompanhar os trabalhos dessa mesa de diálogo conduzida pelo legítimo governo da Bolívia", afirmou Bachelet.

"Ratificamos plenamente nosso apoio ao governo democrático do presidente Evo Morales. Ao mesmo tempo, colocamos como condição para iniciar um diálogo que os grupos que ocuparam ilegalmente edifícios públicos e realizaram ações como bloqueios e outros deixem e entreguem os edifícios como condição para o diálogo", disse a presidente da Argentina Cristina Kirchner a jornalistas.

"Ao mesmo tempo, se condena e rechaça qualquer tentativa de golpe civil ou ruptura da ordem institucional, que não se vai reconhecer nenhuma situação que seja produto de ações dessa natureza", acrescentou a mandatária argentina na saída da reunião.

Os presidentes de Brasil, Argentina, Venezuela, Colômbia, Equador, Uruguai e Paraguai, além do secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, participaram do encontro com Bachelet e Morales no Palácio de la Moneda, em Santiago.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Lula participa de reunião da Unasul para discutir situação na Bolívia

Da Agência Brasil

Brasília - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa hoje (15) em Santiago, no Chile, de reunião dos presidentes dos países que integram a União de Nações Sul-Americanas (Unasul). Marcado para as 15h30, o encontro foi convocado em caráter de urgência para discutir a situação política da Bolívia.

Lula embarca ao meio-dia, na Base Aérea de Santa Cruz, no Rio de Janeiro. Antes, ele participa na cidade fluminense de Resende, às 10h, da cerimônia de inauguração do Centro Logístico Volkswagen Caminhões e Ônibus.

O presidente vai à capital chilena exclusivamente para o encontro da Unasul. Terminada a reunião, ele retornará ao Brasil. O embarque de volta está previsto para as 20h no horário local (21h no horário de Brasília).

domingo, 14 de setembro de 2008

Oposição boliviana quer Brasil como mediador de negociação



Pessoas passam por bloqueio construído por manifestantes pró-governo de Evo Morales, localizado há 46 km de Santa Cruz

SANTA CRUZ DE LA SIERRA, Bolívia (Reuters) - A oposição boliviana quer a participação do Brasil nas negociações com o governo do presidente Evo Morales para acabar com dias de enfrentamentos violentos que já custaram a vida de quase 30 pessoas.

* Pablo Porciuncula/AFP



O governador oposicionista do departamento de Santa Cruz, Ruben Acosta, disse neste domingo que o "Brasil é uma garantia de que isso pode ter uma solução".

Na segunda-feira, o presidente Luiz Inácio vai a Santiago participar de uma reunião da União de Nações Sul-Americanas (Unasur), convocada pela presidente chilena, Michelle Bachelet, para tratar da situação na Bolívia.

"Esperamos do Brasil e do presidente Lula de que o país irmão --e vamos exigir hoje que o Brasil esteja presente no diálogo --ante qualquer possibilidade que possa haver de negociação ou uma facilitação", afirmou Costa, referindo-se ao encontro de domingo à noite entre Morales e a oposição.

Santa Cruz é um dos quatro departamentos que lideram a resistência ao plano de Morales de implantar uma Constituição de caráter socialista, que consolidará a nacionalização da economia e dará mais poder aos indígenas.
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Há três semanas, a Bolívia é sacudida por violentos enfrentamentos entre seguidores de Morales e opositores. Em meio à onda de violência, os departamentos de oposição aceitaram abrir um canal de diálogo com o governo para chegar a um acordo de reconciliação nacional. Uma reunião foi marcada para este domingo, quando funcionários do governo se reunirão com o governador do departamento de Tarija, Mario Cossio, que representará a oposição.

Em Santa Cruz, a mediação brasileira é vista como fundamental para um acordo.

"Esperamos que o presidente Lula possa mediar. Houve contatos iniciais com o Brasil e esperamos que o Brasil, com a liderança que tem na região, possa ser aquele que leve à pacificação da Bolívia", declarou Branko Marinkovic Jovicevic, presidente do movimento para a autonomia de Santa Cruz.

No departamento de Pando, os conflitos entre opositores e apoiadores do governo deixaram quase 30 mortos, e na sexta-feira o presidente Morales decretou estado de sítio na região.

(Reportagem de Raymond Colitt)

sábado, 13 de setembro de 2008

Morales diz que apoio internacional fortalece transformações sociais do governo

Da Agência Brasil

Brasília - O presidente da Bolívia, Evo Morales, agradeceu hoje (13) a solidariedade e o respaldo que seu governo tem recebido da comunidade internacional diante da crise política e social que atravessa o país, com atos violentos vinculados a movimentos autonomistas. Ele disse ainda que as manifestações externas reforçam o seu compromisso com os bolivianos.

"Convoquei essa coletiva de imprensa primeiro para saudar e agradecer em nome do povo boliviano e em nome pessoal a grande solidariedade da comunidade internacional", afirmou o chefe de Estado, segundo a Agência Boliviana de Informação. "A solidariedade fortalece para seguirmos consolidando a democracia boliviana e fundamentalmente esse processo de mudanças, de transformações estruturais e sociais", acrescentou.

A menção do presidente se referiu à Organização de Nações Unidas (ONU), à Organização dos Estados Americanos (OEA) e aos presidentes latino-americanos que nos últimos dias se posicionaram em defesa da unidade do país e da democracia boliviana. Uma reunião de emergência da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) ocorrerá no Chile, na próxima segunda-feira (15), quando os presidentes de países vizinhos pretendem reiterar o apoio a Morales.

Em entrevista à BBC Brasil, o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Nicolás Maduro, reiterou oferta de apoio militar a Morales caso isso se mostre necessário para a permanência do presidente boliviano no poder.

"O direito internacional estaria sendo violado e teríamos não só o direito, mas o dever de atuar para preservar o respeito às regras internacionais. Já foi o tempo em que os EUA promoviam golpes e os demais países assistiam sem reagir", afirmou Maduro.