segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Venezuela: PDVSA anuncia investimentos de US$ 5,5 bi em gás

01/10/2007

ENTREVISTA-

PUERTO LA CRUZ, Venezuela (Reuters) - O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, vai investir 5,5 bilhões de dólares na sua "revolução socialista do gás" em 2008, como parte de um ambicioso plano para desenvolver um setor praticamente inexplorado no país, segundo a PDVSA, estatal local do setor.

A Venezuela tem a oitava maior reserva de gás natural comprovada do mundo e a maior da América Latina.

O presidente da PDVSA Gas, Félix Rodríguez, disse à Reuters que 18 bilhões de dólares devem ser gastos entre 2007 e 2012 para ampliar a exploração, produção e transportes do produto.

"Viemos do nada, anos em que o gás foi esquecido, marginalizado, subestimado. Agora sim existe vontade política. Só em 2008 investiremos 5,5 bilhões de dólares (no setor)", disse Rodríguez no sábado, após participar de uma conferência do setor do gás em Puerto La Cruz (Estado de Anzoategui, leste).

Com 180 bilhões de pés cúbicos de gás, a Venezuela possui 30 por cento das reservas latino-americanas, muito acima dos 27 bilhões de pés cúbicos da Bolívia, embora muito aquém dos 1,7 trilhão de pés cúbicos da Rússia e do 1,029 trilhão do Irã.

"Atualmente contamos com 150 bilhões de pés cúbicos de gás associado (ao petróleo) em terra firme, e até 36 bilhões costa afora. Nossas expectativas, segundo os primeiros estudos, é agregar uns 166 bilhões de pés cúbicos adicionais nos próximos anos, a maioria em reservas de gás costa afora", disse Rodríguez.

A Venezuela, um dos maiores exportadores mundiais de petróleo, principalmente para os EUA, tenta diversificar suas fontes de divisas.

A PDVSA Gas pretende ampliar sua produção dos 7 bilhões de pés cúbicos atuais para 11,2 bilhões em 2012. Como a demanda interna para daqui a cinco anos é estimada em 5,2 bilhões de pés cúbicos, o excedente seria destinado à exportação.

Por isso, o dirigente defendeu o polêmico projeto do Gasoduto do Sul, com o qual Chávez pretende levar gás para o Brasil e a Argentina, num trajeto de 8.000 quilômetros. Alguns brasileiros duvidam da viabilidade técnica do projeto.

"A idéia, tanto do ponto de vista técnico quanto do político, é factível e viável. Esse superávit (de gás) a Venezuela vai dividi-lo geopoliticamente com nossos vizinhos do Caribe e do Sul", disse ele, citando vários exemplos de grandes gasodutos continentais.

Os presidentes Chávez e Luiz Inácio Lula da Silva anunciaram numa recente reunião em Manaus que pretendem encomendar um estudo de engenharia para retomar o projeto.

Fonte: Folha Uol

http://noticias.uol.com.br/ultnot/2007/10/01/ult29u57858.jhtm