domingo, 23 de setembro de 2007

Alberto Fujimori chega à cidade de Tacna, no Peru


22/09/2007

da Folha Online

O ex-presidente peruano Alberto Fujimori, 69, já está no Peru. Ele chegou, por volta das 15h20 (horário de Brasília) ao extremo sul do país em um avião Antonov da polícia peruana. A aeronave seguirá ainda neste sábado para Lima.

Fujimori está sob custódia da polícia peruana. A aprovação de sua extradição para o Peru pela Suprema Corte chilena aconteceu nesta sexta-feira.

O processo contra o ex-presidente por casos de violação dos Direitos Humanos e de corrupção começará dentro de uma semana, informou a procuradora-geral do Peru, Adelaida Bolívar.

Martin Mejia/AP
Parentes de estudantes mortos em La Cantuta comemoram decisão da Suprema Corte do Chile
Parentes de estudantes mortos em La Cantuta comemoram decisão da Suprema Corte do Chile

Se as decisões da Justiça peruana foram emitidas depois de 28 de julho de 2008, quando Fujimori completa 70 anos, ele poderá cumprir uma eventual pena de prisão domiciliar, devido a idade avançada.

A Justiça do Chile concedeu, em última instância, a extradição de Fujimori ao Peru, onde o ex-presidente pode ser condenado a penas de entre 10 e 30 anos.

A procuradoria peruana tentará agilizar ao máximo os trabalhos para que o processo seja concluído em menos de nove meses, evitando assim que Fujimori receba o benefício da prisão domiciliar previsto no Código Penal para réus a partir dos 70 anos.

A possível obtenção do benefício por Fujimori se transformou em uma das principais discussões em torno do julgamento e é em função disso que a defesa do ex-presidente irá trabalhar suas estratégias.

Corrida contra o tempo

18.maio.2007/Roberto Candia/AP
Fujimori deixa tribunal chileno após audiência em maio deste ano
Fujimori deixa tribunal chileno após audiência em maio deste ano

"Para aqueles que já completaram 70 anos, a legislação peruana prevê penas reduzidas e a possibilidade da prisão domiciliar", disse o advogado e parlamentar fujimorista Rolando Souza à France Presse.

O procurador Carlos Briceño, encarregado do caso Fujimori pela justiça peruana, disse nesta sexta-feira que o julgamento deve ser rápido, podendo durar entre três e quatro meses.

O advogado de Fujimori, no entanto, questionou os prazos, e declarou à agência de notícias France Presse que só a fase oral do julgamento deve se estender entre 18 e 24 meses.

Souza confirmou que a estratégia da procuradoria é evitar que Fujimori complete 70 anos sem ter recebido a sentença.

Questão política

Outro objetivo de um processo breve seria evitar que a agenda política peruana se concentre unicamente no processo de Fujimori e inviabilize a governabilidade do gabinete do atual presidente do Peru, Alan García.

Felix Alonso/AP
Alberto Chaigneau, da Corte Suprema, anuncia extradição
Alberto Chaigneau, da Corte Suprema, anuncia extradição

García e a base governista precisam do apoio da bancada pró-Fujimori (13 parlamentares) para controlar o Congresso e evitar que as votações sejam dominadas pela oposição.

A Promotoria peruana pediu penas de até 10 anos para as acusações de corrupção e de até 30 anos para delitos de violação dos Direitos Humanos.

Fujimori será julgado por uma sala especial da Corte Suprema que seria presidida pelo magistrado César San Martín, segundo diversos meios de comunicação locais.

A extradição encerra um longo capítulo do caso Fujimori, iniciado em janeiro de 2006 quando Lima apresentou a Santiago o pedido de extradição. Conheça a cronologia dos eventos.

De origem japonesa, Fujimori volta ao Peru detido quase sete anos depois de ter abandonado o país, ainda como presidente, em novembro de 2000. Ele renunciou ao cargo quando já estava em Tóquio, por fax, em meio a um escândalo de corrupção. Saiba mais sobre Fujimori.

Apelo

A congressista Keiko Fujimori, filha do ex-presidente, pediu hoje que seu pai responda ao processo em liberdade e que a condição de ex-chefe de Estado seja respeitada.

"Nós não vamos aceitar detenções. Esperamos que ele seja processado em liberdade", disse a congressista à Efe em Lima. Ela afirmou que os fujimoristas só aceitarão a prisão domiciliar "em último caso".

"Não estamos pedindo um tratamento preferencial. Eu me preocupo com que o coloquem em uma prisão", disse Keiko Fujimori. Ela alegou ter medo de que alguém atente contra a vida seu pai.

Ao exigir que o governo peruano garanta um tratamento justo e um processo adequado a Fujimori, a filha do ex-presidente afirmou que os fujimoristas não permitirão "nenhum tipo de circo nem show midiático" com a extradição.

Além disso, pediu aos fujimoristas para receber Fujimori com "tranqüilidade, alegria e carinho" e que tentem mostrar que acreditam na inocência do ex-governante.

Com France Presse e Efe

http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u330643.shtml