segunda-feira, 3 de março de 2008

Brasil acompanha crise entre Colômbia, Equador e Venezuela e descarta conflito armado

03/03/2008 - 19h27

RENATA GIRALDI
da Folha Online, em Brasília

O governo brasileiro decidiu acompanhar a crise envolvendo Equador, Colômbia e Venezuela por meio de negociações diplomáticas. Para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro Celso Amorim (Relações Exteriores), não há riscos no momento de um conflito armado envolvendo militares brasileiros.

Mas o Planalto defende que o presidente colombiano, Álvaro Uribe, peça desculpas ao dirigente do Equador, Rafael Correa, sem impor condições.

Na madrugada do último sábado foi deflagrada a crise entre os dois países a partir de um ataque militar colombiano em território equatoriano. No confronto foi morto o porta-voz internacional e número dois das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), Raúl Reyes.

Amorim criticou o primeiro pedido de perdão de Uribe a Correa. Segundo ele, o pedido foi insuficiente porque foi "acompanhado de outras condicionantes", como a necessidade de combater eventuais ataques das Farc no território equatoriano.

"Deve haver um pedido de desculpa não qualificado, que abaixaria a temperatura da crise", disse o ministro. "Algo que contribuiria e muito seria um pedido de desculpas não tão limitado", sugeriu ele.

O conflito entre Equador, Colômbia e Bolívia foi o principal tema da reunião de coordenação política realizada hoje por Lula. O presidente quis um relatório minucioso de Amorim, que desde ontem conversa com ministros de Relações Exteriores da América do Sul.

Depois da reunião, Lula telefonou para Correa e depois para Uribe. Por último, ele falou com a presidente da Argentina, Cristina Kirshner. Com todos tratou sobre o assunto.

Com o colombiano e o chileno, Lula pediu detalhes sobre a crise. Já com Kirchner, Lula sugeriu o empenho dos países vizinhos em busca de um acordo de paz na região. Mas Amorim negou que o governo do Brasil seja o "mediador" da crise.

A conversa ocorreu antes de o Brasil ser informado que o Equador havia rompido relações com a Colômbia.

Articulações

O assunto será o único tema da reunião de amanhã do conselho da OEA (Organização dos Estados Americanos), em Washington (Estados Unidos).

Amorim condenou a hipótese de ter ocorrido uma incursão que indique "invasão ou violação territorial". "Violação territorial é algo condenável. É uma infração que coloca em insegurança os Estados menores", disse ele.

No entanto, o ministro desconversou sobre eventuais conflitos provocados pela decisão do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, de enviar militares para a região em conflito. "O incidente envolveu as forças colombianas e equatorianas", respondeu ele. "Os venezuelanos não se opõem à discussão do tema na OEA."

Amorim disse que a expectativa é a de que a partir da reunião de amanhã seja dado o primeiro passo para um acordo. "É uma situação muito grave, que inspira muita preocupação", afirmou ele, lembrando que deverá ser instaurada uma comissão de investigação para apurar as circunstâncias que geraram o conflito.

Apreensão

Aliado do presidente do Equador, Chávez se envolveu no conflito e determinou o fechamento da embaixada em Bogotá --sem titular desde o final de novembro do ano passado--, e disse ter enviado dez batalhões para a fronteira com a Colômbia.

Por sua vez, Correa ordenou a "expulsão imediata" do embaixador da Colômbia em Quito, Carlos Holguín, depois da retirada de seu embaixador em Bogotá, Francisco Suéscum, e solicitou uma reunião urgente da OEA e da CAN (Comunidade Andina de Nações) para tratar do ataque colombiano ao território equatoriano.

domingo, 2 de março de 2008

Aviões brasileiros participaram de missão contra porta-voz das Farc

02/03/2008 - 15h19

Bogotá, 2 mar (EFE).- O avião brasileiro Super Tucano, adquirido pela Força Aérea Colombiana (FAC), foi elemento-chave na missão de ontem contra o porta-voz internacional das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), "Raúl Reyes", segundo detalhes da operação conhecidos hoje em Bogotá.

Vários Super Tucanos utilizados em bases situadas no sul da Colômbia foram mobilizados para a tarefa, realizada de forma conjunta por forças terrestres, marítimas e aéreas.

As aeronaves lançaram as bombas Cluster usadas para atacar os rebeldes nas selvas da fronteira sul com o Equador, provocando dois bombardeios, um em território colombiano e outro no país vizinho, segundo detalhes do relatório da chamada "Operação Fênix", divulgado pelo Ministério da Defesa colombiano.

O primeiro ataque aéreo aconteceu em Granada, no departamento colombiano de Putumayo, e a outra ocorreu em Santa Rosa, ao outro lado da fronteira com o Equador, onde morreram "Raúl Reyes", cujo nome verdadeiro era Luis Edgar Devia e outros 16 insurgentes.

"Raúl Reyes", considerado o "número dois" das Farc, foi o primeiro membro do Secretariado (comando central) da guerrilha que morre em uma ação militar.

Os Super Tucanos foram comprados da Embraer por US$ 234 milhões em meados de 2005, e a Força Aérea Colombiana negociou um total de 25 aviões.

O aeronave é um modelo turboélice que pode aterrissar em pistas de até 500 metros, alcançar uma altura de 35 mil pés (em torno de 10.670 metros) e voar a uma velocidade entre 500 e 550 km/h.

A aeronave está equipada com duas metralhadoras e também pode ser configurada com armamento adicional, como canhões, além de permitir o carregamento e o disparo de mísseis de curto alcance.

sábado, 1 de março de 2008

Empresa argentina estuda construção de hidrovia entre Brasil e Equador

01/03/2008 - 19h27

Quito, 1 mar (EFE).- Uma empresa argentina estuda a construção de uma hidrovia que unirá o porto equatoriano de Manta a Manaus, anunciou hoje o presidente equatoriano Rafael Correa.

O dirigente, durante seu programa de rádio, indicou que a hidrovia faz parte do "Eixo multimodal Manta-Manaus", um ambicioso plano para unir, com diferentes meios de transporte, os oceanos Pacífico e Atlântico, através da Amazônia.

Correa afirmou que a rota prevê a construção de portos, estradas e aeroportos, que traçarão um percurso pelo rio Amazonas, do porto equatoriano de Manta, no oeste do país andino, à Manaus.

"Virá uma empresa (argentina) especializada (...) e já vão começar os estudos e depois construirão a hidrovia, para que em doze meses seja navegável", salientou.

Correa disse que, paralelamente, têm sido ampliadas as estradas que unem Manta ao porto da Providência, no rio Napo, para que se siga de barco a Manaus ou até Belém.

A construção do eixo pode contribuir "muitíssimo" para a troca entre o Brasil e o Equador, mas também da China e da Índia com a América do Sul, segundo Rafael Correa.