domingo, 14 de setembro de 2008

Oposição boliviana quer Brasil como mediador de negociação



Pessoas passam por bloqueio construído por manifestantes pró-governo de Evo Morales, localizado há 46 km de Santa Cruz

SANTA CRUZ DE LA SIERRA, Bolívia (Reuters) - A oposição boliviana quer a participação do Brasil nas negociações com o governo do presidente Evo Morales para acabar com dias de enfrentamentos violentos que já custaram a vida de quase 30 pessoas.

* Pablo Porciuncula/AFP



O governador oposicionista do departamento de Santa Cruz, Ruben Acosta, disse neste domingo que o "Brasil é uma garantia de que isso pode ter uma solução".

Na segunda-feira, o presidente Luiz Inácio vai a Santiago participar de uma reunião da União de Nações Sul-Americanas (Unasur), convocada pela presidente chilena, Michelle Bachelet, para tratar da situação na Bolívia.

"Esperamos do Brasil e do presidente Lula de que o país irmão --e vamos exigir hoje que o Brasil esteja presente no diálogo --ante qualquer possibilidade que possa haver de negociação ou uma facilitação", afirmou Costa, referindo-se ao encontro de domingo à noite entre Morales e a oposição.

Santa Cruz é um dos quatro departamentos que lideram a resistência ao plano de Morales de implantar uma Constituição de caráter socialista, que consolidará a nacionalização da economia e dará mais poder aos indígenas.
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Há três semanas, a Bolívia é sacudida por violentos enfrentamentos entre seguidores de Morales e opositores. Em meio à onda de violência, os departamentos de oposição aceitaram abrir um canal de diálogo com o governo para chegar a um acordo de reconciliação nacional. Uma reunião foi marcada para este domingo, quando funcionários do governo se reunirão com o governador do departamento de Tarija, Mario Cossio, que representará a oposição.

Em Santa Cruz, a mediação brasileira é vista como fundamental para um acordo.

"Esperamos que o presidente Lula possa mediar. Houve contatos iniciais com o Brasil e esperamos que o Brasil, com a liderança que tem na região, possa ser aquele que leve à pacificação da Bolívia", declarou Branko Marinkovic Jovicevic, presidente do movimento para a autonomia de Santa Cruz.

No departamento de Pando, os conflitos entre opositores e apoiadores do governo deixaram quase 30 mortos, e na sexta-feira o presidente Morales decretou estado de sítio na região.

(Reportagem de Raymond Colitt)

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